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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Pó do mesmo chão

No mundo espiritual há uma hierarquia absoluta: Deus tem o domínio pleno sobre todas as coisas, mas na esfera material a hierarquia é limitada, pois esta superioridade condiz apenas no sentido ocupacional, nos cargos que se ocupa durante o breve tempo de vida sobre esta terra.
Todos os cidadãos estão sujeitos a muitas imposições, cercados de obrigações e deveres que independem da força de vontade, restando apenas o cumprimento legal, é o caso do pagamento de impostos. Na política, por exemplo, as forças do poder são notórias, uma vez que tais ocupações também geram uma série de responsabilidades, dando margem a cobranças impostas pelo povo. No âmbito religioso também não é diferente, as ovelhas são conduzidas pelos pastores e devem respeito à liderança. Na área familiar pode-se notar certo grau de superioridade não só dos pais em relação aos filhos, mas a grosso modo, dos idosos em oposição aos mais jovens, além da responsabilidade que é devida ao marido, a fim de que assuma a postura de sacerdote do seu lar. Porém, os que lideram suas áreas delimitadas não podem esquecer que todos estamos abaixo de uma ordem infinitamente superior: a Lei de Deus.
Ter uma condição superior em relação à outra pessoa não quer dizer que se possa massacrá-lo, nem tão pouco sobrepujá-lo ao servilismo de interesses próprios. O respeito à dignidade humana, além de amparado pela Constituição Federal, é uma das características marcantes da personalidade divina, pois até Deus respeita suas pobres criaturas e por isso as criou com peculiaridades próprias, dando-lhes o livre arbítrio.
Os filhos devem obedecer aos seus genitores, mas a Bíblia, no livro de Efésios, capítulo 6, versículo 4, também adverte aos pais. Os deveres são mútuos: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor.”. Em Colossenses 3, no versículo 21 também há outra advertência: “Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não fiquem desanimados.”
O elogio é uma arma eficaz de ânimo que pode ser explorada pelas pessoas, faz com que o estímulo seja gerado nos corações, além de massagear os sentimentos e estreitar os relacionamentos, principalmente com as pessoas mais próximas do nosso convívio cotidiano.
Sobre este chão somos todos iguais, temos sentimentos que precisam ser respeitados, choramos, sofremos, sorrimos, dormimos, etc.
Será que, uma casa bonita, móveis perfeitos, carro novo, vida social, dinheiro, etc. justificam a falta de cuidado espiritual para com os filhos? Deixá-los sob os cuidados das trevas? No tempo certo o Senhor há de cobrar dos pais a falta de zelo pelos pequeninos: “Portanto, amem o SENHOR, nosso Deus, com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças. Guardem sempre no coração as leis que eu lhes estou dando hoje e não deixem de ensiná-las aos seus filhos. Repitam essas leis em casa e fora de casa, quando se deitarem e quando se levantarem. Amarrem essas leis nos braços e na testa, para não as esquecerem; e as escrevam nos batentes das portas das suas casas e nos seus portões.” (Dt 6.5-9).

quarta-feira, 28 de julho de 2010

BAIÃO DE TRÊS COM BRIDA

Após seis anos em Rondônia, vivendo as quatro estações bem definidas (verão, quentura, fervura escaldante e brasa pura), o frio resolveu sair da hibernação e dar o ar de sua graça, deixando os termômetros atingirem uma baixa temperatura.
Acostumado com o clima Sul-Matogrossense, justamente nesse período aconteceu o meu casamento, trazendo à tona uma atmosfera saudosista, fazendo as lembranças reviverem na memória os dias frios presenciados em Campo Grande, quando era necessário buscar vestígios de sol por entre as brechas das nuvens espessas. A fumaça que saía da boca misturava-se ao mormaço causado pelo capuccino que era saboreado na Escola Latino Americano. A cena se repetiu, mas agora tendo como cenário a cidade de Vilhena que era castigada pelos cinco graus centígrados. O mês de julho foi marcado pelo vento cortante que pairava na rodoviária, atingindo em cheio o rosto juvenil da minha esposa Carina. Deus estava abençoando nossa viagem à cidade morena a fim de deixar a lua de mel com um toque Parisiense, muito mais aconchegante por entre os edredons.
Não há como esquecer das comidas típicas nordestinas: o baião de dois e a tapioca, preparadas com muito esmero pelas mãos delicadas da minha mãe que nos recebeu de braços abertos e coração saltitante, enquanto os latidos estridentes da Brida entrecortavam a garagem. A batata recheada da Barraca do Paraná, o Milk Shake de maracujá (novo sabor do Bob’s), o capuccino vienense, o rodízio de carnes da Nossa Querência, o rodízio de pizzas e o salpicão de frutas da Martignoni, o churrasco regado à costeleta de porco, linguiça apimentada da matel e pão de alho preparados pelo primo Borba, a castanha do Pará e a geleia do Mercado Municipal, as idas às lojas Americanas e Pernambucanas, assim foram marcados os dias de férias, regidos pela alegria contagiante que apimentava nossa união e tudo isso ao som do xote santo que tocava sem parar na rua Machado de Assis.
Diante de tanta festa só resta agradecer a Deus por ter proporcionado tudo isso e manter acesa a chama viva da memória que guarda trancafiada essas lembranças eternas.

terça-feira, 1 de junho de 2010

NAS TRILHAS DO AMOR

Posso dizer que o encontrei. Sei que estou na trilha certa e algumas dicas de poetas e compositores me trazem reflexos daquilo que sinto e não sei explicar.
Djavan, menciona: “O amor é como um raio galopando em desafio, abre fendas, cobre vales, revolta as águas dos rios”. Jorge Vercilo, por sua vez, diz: “Eu quero ver o invisível, prever o que está no ar, como previ meu futuro ao lhe ver passar”. Como se não bastassem esses trechos, descrevo na íntegra dois lindos poemas: “Amar assim, de Vitor Martins e “Sopro de amor”, do letrista Lula Queiroga. Eles falam por mim.

Amar assim

Me emociona o seu carinho, inicio de redemoinho
E voce vira minha dona
Uma gazela, uma amazona
Me cavalgando no cio
Transbordamento de rio
Uma araguaia, um tocantins
Eu sempre quis amar assim
Sem começo e sem fim...

Me emociona o seu carinho
Amor que vem da natureza
É agua fresca, divina
Que escorre por entre os dedos
Molhando o peito e a camisa
Derramamento de vida
Uma araguaia, um tocantins
Eu sempre quis amar assim
Sem começo e sem fim....

Sopro de amor

Aonde o sopro do amor irá guiar os meus passos?
Aonde que não na direção dos teus braços
Aonde pode a canção raiar com toda a grandeza
Senão nos olhos de quem retém sua beleza?
Às vezes, meu sentimento toma diversas feições
E a voz desses corações vira música e desperta
Mas eu não posso conter a correnteza de mim
É tão mais forte, mais que eu indo de encontro a ti
E eu não quero mudar o rumo da correnteza
Dentro do peito, é bom manter a emoção ilesa.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

VERMELHO QUE TE QUERO BEM

A humanidade, o universo e sua dimensão, tudo o que existe nos céus e na terra foram criados por Deus, inclusive as cores e seus significados.
Se o azul é mencionado, por exemplo, logo as visões de céu e mar tornam-se alvo da imaginação e sua conotação traz à tona outros elementos; já o verde é capaz de transportar os sentimentos contemplativos ao berço da natureza, deitando o olhar na esperança da preservação da terra. O preto liga-se à escuridão pelos laços da morte que arreganha seus dentes carregados de pavor. Daí a atitude do luto, uma pura demonstração de dor causada pelo abismo da separação. Na mesma matiz escura, outros reflexos tornam-se agregados: a escravidão, o sofrimento, a saudade, o medo, o pecado, o inferno. Já em outras nuances extremamente opostas surge o branco, símbolo da paz, purificação, castidade e alvura dos pensamentos nobres.
Sabendo que toda aquarela pode ser encaixada nesse momento reflexivo, quero me aprofundar na esfera do vermelho, a tonalidade mais viva e intensa de todas. No âmbito terrestre há muitos vestígios de sua vitalidade. Os sentimentos humanos são pintados com sua cor vibrante. A paixão, por exemplo, tão avassaladora, carrega em seu âmago a força de tal naipe, apresentando seu perfil nos casos extremos de entrega ao delírio causado por seus estragos. O desejo é outra fonte que advém do mesmo nascedouro, é como um chafariz que nunca cessa, jorrando sua cor escarlata de forma intensa. A libido também não poderia deixar de ser mencionada, caracterizada como uma energia aproveitável para os instintos da vida, apresentando-se como característica fundamental no campo da atividade sexual, vinculada aos aspectos emocionais e psicológicos. Há também o sangue que circula nas veias, seiva primordial que mantém acesa toda a pulsação do coração, movendo-o entre a sístole e a diástole, regendo a cadência rítmica da existência.
Há um sangue que merece destaque especial: o de Jesus Cristo. Esse é a razão de toda a plenitude, ponte para romper as barreiras do tempo, rumando para os braços da eternidade. Nele há necessidade de se lavar, encharcar-se na pureza da sua bondade, na graça carmesim aspergida pela humanidade. Sua tonalidade é incomparável, obra preciosa de Deus, tinta viva que jamais desbota. Esse elemento é primordial, através dele uma multidão de pecados são lançados no esquecimento, apagando todas as mais terríveis transgressões. Assim confirmam alguns textos bíblicos: “Pois isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, o qual é derramado por muitos para remissão dos pecados.” (Mateus 26:28); “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.” (Romanos 5:8-9); “Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado.” (I João 1:7).
No arco-íris do meu sonho contemplo o vermelho, cor bendita que se apodera da alma, arrebenta as retinas que vislumbram sua majestade.

terça-feira, 25 de maio de 2010

HÁ UM FRANGO QUE DEIXA O HOMEM EM FRANGALHOS

No artigo anterior começou a análise filosófica a respeito do passado, tendo a figura do frango como ilustração para uma maior compreensão, mas toda essa análise ainda não chegou ao fim, faltando agora a reflexão sobre o frango mais difícil de morrer: o da área sentimental.
Ao atravessar a fase da inocência, deixando a ingenuidade para trás, toda humanidade começa a viver para construir sua granja, a fim de empoleirar seus desejos. Nesse ambiente as vasilhas estão sempre cheias de água fresca, os arames reforçados para que não haja fuga, a quirera é jogada com carinho para proporcionar-lhes uma alimentação saudável, então quando a tarde cai e elas começam a se ajeitar para dormir, é momento de ficar do lado e fora, só admirando o crescimento das aves.
Vez ou outra, quando a fome aperta, surge a necessidade de transformá-los no prato principal, então sem nenhum resquício de mágoa, é hora de abrir a porta da granja, arrastar qualquer um pelo pescoço e levá-lo para o abate. Mas dentre eles, há um que possui cuidados especiais, é nutrido com grãos selecionados, água mineral no recipiente de prata e dormitório cinco estrelas, proporcionando maior conforto para um desenvolvimento de qualidade. Os outros são raquíticos perto de sua pompa. Essa é tratada como ave de estimação, seu nome é afetividade. Descarta-se qualquer possibilidade de levá-la para o almoço, pelo contrário, a intenção é deixá-la ali, sempre viva, exposta como uma roupa de gala na vitrina. Enquanto os outros vão sendo levados ao fogo, entre marinadas em suco de laranja, mel e gengibre, esse permanece reinando no poleiro, ostentando sua postura de destaque, com suas penas brilhantes, assim como um pavão em tempo de carnaval.
Quando Jesus surge nessa história, aí vem o grande confronto. Sua presença gloriosa faz com que todas as sombras do passado passem a ter a mesma insignificância, então todos os frangos se igualam e precisam se tornar em saborosa comida quente na panela de barro. Um novo altar é levantado e a granja vai abaixo. Jesus Cristo é o comprador que chega até à fazenda e propõe pagar um preço muito alto para possuir toda a propriedade. Às vezes queremos vender apenas uma parte da terra e deixar a granja fora do negócio. Mas quando Ele chega não tem meio termo, em Seu contrato há apenas uma cláusula: entrega total dos bens.
Portanto, quando a vontade de requer o frango do sentimento bater a sua porta, caro leitor, lembre-se: Jesus já o levou e isso não pode mais lhe atormentar. Essa compreensão precisa ser fortalecida na consciência, a fim de que ele não se transforme em um galo sem relógio que canta a qualquer hora, em qualquer lugar.

MATANDO O FRANGO

O Criador absoluto de todas as coisas, em sua infinita misericórdia, resolveu se revelar ao homem através da morte e ressurreição do seu filho amado, Jesus Cristo, bem como manifestando a sua vontade evidenciada na Bíblia, mas também tem usado homens e mulheres como canais de bênçãos sobre a terra. Assim ele o fez quando permitiu que alguém me trouxesse uma realidade tão evidente, porém em uma frase aparentemente tosca e rudimentar: “Você precisa matar o frango”. Tal expressão ficou martelando meus neurônios durante dias e a compreensão exata dessa comparação trouxe um ensinamento valioso que precisa ser colocado em prática, mas não é tão simples assim.
No Evangelho de João, capítulo 3, versículo 3, há um processo que desencadeia a libertação, isso acontece quando alguém entende que está terminantemente perdido, enlaçado nas tramas do pecado, gerando arrependimento por tais práticas, trazendo o entendimento sobre a aceitação da pessoa de Jesus Cristo como libertador de sua alma. Então, o Espírito Santo, aos poucos, com sua faca amolada, começa a decepar definitivamente a cabeça da ave, cortando a raiz contaminada do passado: “Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”.
Esse novo nascimento precisa acontecer dia após dia, na dura jornada sobre a terra, numa atitude de renegação constante aos prazeres que outrora traziam escravidão. Aos poucos as trevas vão se dissipando, a palavra de vida eterna, com letra escarlata, começa a ser escrita nas tábuas do coração e a mente renovada passa a refletir atitudes nobres.
A boca de Deus, em II Coríntios, capítulo 5, versículo 17, declara: "Assim que se alguém está em Cristo, nova criatura é, as coisas velhas já passaram eis que tudo se fez novo”. Isso faz lembrar que o frango já foi destrinchado e que permanece imóvel sobre o chão, mas há momentos em que ele insiste em voltar a viver e, por vezes, como uma cena horrenda de terror, pode-se ouvi-lo cacarejar, caminhando sem cabeça no quintal de casa. Algumas pessoas esquecem que o animal já foi morto e tentam trazê-lo de volta, então passam a querer mantê-lo bem nutrido em sua granja. Aí mora o perigo, antes mesmo do sol raiar ele já começa a bater as asas, sonhando em ser um galo robusto.
Não há como se livrar totalmente da sombra espessa do passado, mas sua força pode ser anestesiada pela nova caminhada de fé e embora essa luta desenfreada entre a carne e o espírito nunca cesse, vencerá quem estiver sendo mais bem alimentado.

DRIBLANDO AS ADVERSIDADES

A força do nordestino é um dom peculiar ofertado por Deus para que os obstáculos (que não são poucos) sejam ultrapassados. O bom humor, a criatividade e a ousadia são algumas da armas fundamentais para se alcançar à vitória.
Como explicar essa vitalidade, capaz de suportar os inúmeros flagelos que assolam a região do cangaço? Seca, miséria extrema, educação escassa, falta de oportunidades, preconceitos, empregos mal remunerados, desequilíbrio econômico, etc... São apenas alguns exemplos de adversidades que se alastram entre essa gente, no entanto, é dessa região tão precária que surge boa parte da cultura nacional consistente. Luiz Gonzaga, por exemplo, exímio compositor pernambucano, tornou-se um pilar da história da música brasileira, revolucionando o baião, um ritmo nordestino que assumiu proporções jamais imaginadas; Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré, poeta e compositor cearense, analfabeto, sem jamais ter aperfeiçoado suas técnicas literárias através de artifícios academiscistas, saiu do anonimato para se tornar um exemplo de personalidade importante para a memória da cultura brasileira; autores da rica literatura brasileira, como é o caso do alagoano Graciliano Ramos, através da obra “Vidas Secas”, da cearense Rachel de Queiroz, com “O quinze”, do paraibano José Américo de Almeida, no clássico “A bagaceira” e Euclides da Cunha, que mesmo sendo carioca fez questão de descrever a força do sertanejo baiano, na obra “Os sertões”, demonstraram a descomunal capacidade desse povo em conseguir ultrapassar seus próprios limites de resistência.
O humor também é um artifício que o nordestino sabe explorar como ninguém, usado como uma válvula de escape para poder ofuscar os problemas que precisa enfrentar no cotidiano. É o caso dos humoristas Renato Aragão, Chico Anysio, Tom Cavalcante, Tiririca, Falcão, além de vários repentistas e outros que fazem do riso uma forma de disfarçar a dura realidade.
O sofrimento impulsiona as pessoas a saírem do estágio de letargia para alçar vôos outrora inatingíveis, provando que a capacidade humana vai muito além daquilo que se imagina. Segundo menciona o nordestino Djavan, em uma de suas composições: “Do nada também se nasce uma flor, com todo o seu poder de coloração e magia”.